“A história de cada pessoa se desenrola pela necessidade de ser reconhecida e reconhecida sem reservas. A amizade demonstra esta capacidade infinita do reconhecimento. Nós devemos reconhecer que os outros sempre têm suas necessidades, que eles estão prisioneiros às suas exigências e tais quais nós mesmos, estão inclinados a receber satisfação; pois eles estão consumidos por ela, que eles são como animais selvagens, que a vida é o inferno quanto esta satisfação não é próxima, quando ela falta. O caminho do reconhecimento parece infinito. Nós damos alguns passos e hesitamos, uma vez que “nós-não-podemos-fazer-tudo”; mas, apenas o bom cinismo justificaria a desistência de tal tarefa.”1
Este fragmento de um texto de Robert Antelme nos inspira em nosso trabalho para dar lugar e atenção aos rostos anônimos ou reconhecidos que, emergindo, captam nossos olhos com a estranheza da percepção, não instantaneamente inteligível. É uma obra sobre escutar, ouvir estes rostos falarem de seus corpos ausentes, precisa ou confusamente, uma estória particular usada por estes rostos mudos que sempre escorregam de nós. Eles falam de um lugar que J. L. Nancy chama de “a falta falada de palavras”, um lugar “de antes ou depois da palavra”2, cujos mistérios irredutíveis se escondem por trás desta constelação de sensações que nós adquirimos quando nós nos encontramos com o outro? Do rosto do outro? Uma epifania excessiva de expressão, desse modo revelando a invisibilidade de um indivíduo singular, parado lá diante de nós.
Duração: 65 min
Ficha técnica: Concepção - Maguy Marin. Performance - David Mambouch. Gerente de palco - Stéphane Rouaud. Cenografia - Benjamin Lebreton. Desenho de luz - Alex Bénéteaud. Desenho de som - David Mambouch. Engenheiro de som - Antoine Garry
Assistente de figurino - Nelly Geyres. Produção executiva – extrapole. Espetáculo criado no Théâtre Garonne (Toulouse) em 28 de fevereiro e 1º de março de 2014. Coproduções em andamento - Théâtre Garonne (Toulouse, France), Daejeon Arts Center (Daejeon, Coreia), Latitudes prod (Lille, França), Compagnie Maguy Marin (Toulouse, França), Ad Hoc (Lyon, França), extrapole (Paris, França). Agradecimento ao Mix’ art Myrys e L’Usine, Tournefeuille (Toulouse, France).
Teatro Barreto Júnior (Recife)
02 de novembro| 20h
A turnê pelo Circuito dos Festivais tem o apoio do Instituto Francês no programa TransARTE.